O autoconhecimento é o ponto de partida para adquirir Inteligência Relacional
Por Ana Karina Talarico
O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. Além do profissional ter experiência e competências técnicas, muitas empresas estão levando em consideração a inteligência relacional.
Você já ouviu falar sobre isso?
Uma das definições desse conceito diz que a Inteligência Relacional é a capacidade de o ser humano lidar consigo mesmo, suas ações, emoções e comportamento, reconhecendo e respeitando suas qualidades, pontos de melhoria e limitações.
Arlete Mendes é codesenvolvedora do Método RAV (Ressignificando a Vida), que auxilia pessoas e empresas a acelerarem seus resultados através de planejamento e fortalecimento socioemocial. Para falar sobre inteligência relacional ela usa dois personagens que vamos conhecer agora: o Adriano e o Marcelo. Segundo Arlete, eles são inspirados em pessoas que ela conhece e apesar de fictícios, ilustram a realidade de várias empresas.
Adriano e Marcelo e a tal inteligência relacional
Um cara tranquilo, discreto e de poucas palavras. Assim é Adriano. Acorda todos os dias por volta das seis horas da manhã, prepara o café para a família, tira o lixo, varre sua calçada e sempre que pode também a do vizinho. Seu horário de entrada na empresa é às oito horas da manhã, entretanto, neste período em que as equipes estão reduzidas, tem procurado chegar às sete e meia. Assim, pode ajudar a colega do setor a organizar alguns materiais e apoiar outros colegas que precisam daquela “forcinha”. Aos finais de semana tem procurado ficar com a família, e quando pode, ajudar parentes e amigos. Existe nele uma preocupação verdadeira com o que possam estar passando, razão que o deixa inquieto e gera esse desejo de fazer algo a respeito.
O outro personagem desta história é o Marcelo-Reservado. Não gosta muito de sair e tem muita dificuldade de se relacionar com pessoas novas no grupo de trabalho e até familiar. Amigo de Adriano desde a infância, também de poucas palavras. Acorda cedo, organiza suas coisas e sai para trabalhar sempre no horário certo. Marcelo faz muito bem a ‘sua parte’, não é de reclamar.
Cumpre exatamente o que lhe é determinado pela chefia. A mudança acontece quando percebe que um colega de trabalho está sobrecarregado e demonstra que irá lhe pedir ajuda. Marcelo “corre” para terminar o que tem para fazer e sair logo dali, afinal faltam 10 minutos para encerrar o expediente e ele já trabalhou demais. Em casa ajuda pouco e não tem muita iniciativa, postura que se repete em seus filhos, já sua esposa está sempre correndo e reclamando de alguma coisa.
Nesta semana Marcelo e Adriano foram demitidos por conta da necessidade de redução do quadro de funcionários da empresa.
Na semana da demissão Adriano recebeu várias ligações de amigos e conhecidos, os quais ele frequentemente ajudava, sem nenhum interesse. Traziam palavras de acolhimento, proposta de trabalho, ideias para novos negócios e o apoio necessário nesta hora. Adriano sentiu uma emoção que nunca sentira antes, o que o encheu de esperança para seguir. Infelizmente Marcelo que já andava solitário fechou-se ainda mais, recebendo pouco apoio dos parentes e amigos.
Observações e conclusões
Segundo a especialista, uma pessoa que possui Inteligência Relacional é como o Adriano.
“Busca ser generoso dentro e fora do ambiente de trabalho, se importa com as pessoas, ajuda sem querer nada em troca, cuida dos relacionamentos, possui valores nobres e sabe claramente o que deve ser feito, entretanto, não se resume a fazer apenas a ‘sua parte’, explica Arlete.
Para ela, uma empresa que considera a Inteligência Relacional, estrutura a equipe de forma que cada membro conheça suas competências, suas atribuições e os pontos em comum entre eles, tudo isso orquestrado por um líder capaz de manter um vínculo saudável.
“Isso tudo é importante para estarem preparados quando a empresa precisar deles em circunstâncias que fogem à regra, não por ser ‘sua obrigação’ e sim, porque todos nós precisamos de ajuda em algum momento”, ressalta.
Arlete reforça que líderes como Adriano são mais eficientes e estratégicos, pois possuem maior habilidade em influenciar pessoas.
“Cabe ao departamento de Recursos Humanos, avaliar as competências de cada colaborador e perceber onde o Adriano e o Marcelo podem contribuir, cada um à sua maneira”, finaliza.
E se você quer desenvolver sua Inteligência Relacional o ponto de partida é o autoconhecimento. Só ele irá te ajudar a entender melhor seus sentimentos, emoções e comportamentos.
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