O setor empresarial enfrenta a pior crise da história e o cenário de incerteza preocupa, exigindo racionalidade e inovação
Por Redação Entre Asanas @entreasanas
O impacto do coronavírus no segmento de micros e pequenas empresas é um acontecimento sem precedentes, com negócios fechando as portas e funcionários sendo afastados ou demitidos em decorrência da pandemia. Dados recém coletados pelo Sebrae para mapear os efeitos da crise no setor empresarial brasileiro, apontam que, pelo menos 10 milhões de empresas pararam de funcionar durante a crise, sendo que 2 milhões por decisão da própria empresa, e 8 milhões por determinação de governos locais.
Empresários e empresárias em todos os setores estão se desdobrando para equalizar as perdas de receita com pagamento de obrigações com funcionários e fornecedores, bem como a continuidade na prestação de serviços aos clientes. Essa equação não está batendo, e para piorar o cenário ainda tem o medo de contaminação, conflito de informações dos órgãos competentes, intempéries políticas e a incerteza geral sobre o que vai acontecer daqui para frente.
E, na atual conjectura, com as pessoas buscando alternativas e soluções para seus dilemas, nada melhor que compartilhar informações e experiências. Com esse intuito, a Revista Entre Asanas está lançando uma série de entrevistas com empresários e empresárias de diferentes regiões e setores da economia, que vão compartilhar um pouco dos seus desafios e visões para superar a crise.
Para a primeira entrevista da série "Eu empresário. Eu empresária" a redação do Entre Asanas ouviu a opinião de Carlos Peixoto (@capeixotob), empresário, especialista em finanças e gestão, com 40 anos de experiência e atuação em multinacionais do setor de óleo&gás. Ele falou sobre os impactos da crise na sua consultoria empresarial, e como está adaptando processos e rotinas para continuar gerando oportunidades de negócio . A seguir a entrevista, que foi feita por meios digitais:
Qual foi, até o momento, o impacto do Corona vírus no seu negócio?
A economia ainda estava combalida em decorrência dos rescaldos da crise de 2014 e dos solavancos políticos que tivemos no Brasil. Parecia que as coisas começariam a se ajustar com algum retorno da atividade do setor de óleo&gás onde tenho grande parte da minha atuação, vis-a-vis os investimentos em geração de energia elétrica pela utilização do gás tanto no Porto do Açu como em Macaé, além do destravamento do investimento no terminal portuário de Macaé.
Quando o covid-19 bateu de verdade, em meados de março paramos quase tudo. Nosso escritório parece uma cidade fantasma. A receita caiu vertiginosamente, inclusive de cliente estrangeiro também afetado pela pandemia no Chile.
Que ações tem feito para manter contato com clientes e parceiros? Que ações de inovação tem buscado desenvolver?
Temos atuado muito pela via das reuniões virtuais (Zoom). Temos utilizado a ferramenta para promover webinars sobre assuntos do interesse de clientes e amigos. Como head do comitê de O&G da Câmara Britânica de Indústria, Comércio e serviços para o Brasil, tenho atuado bastante na promoção desse tipo de eventos e temos tido muita aceitação e participação.
Hoje mesmo fizemos um webinar com 135 executivos e representantes de empresas assistindo e apresentando perguntas. Foi excelente e esperamos que isso de alguma forma resulte em fidelização de clientela, ainda que no curto prazo não se pode esperar receita por esse lado.
Quais dificuldades e oportunidades projeta para quando as coisas se normalizarem?
Pergunta de um milhão de dólares (rsrs). Tenho lido e ouvido que o mundo não será o mesmo. Também acho. Porém, as pessoas continuarão se alimentando, se locomovendo, trabalhando e se divertindo. Faremos muitas coisas de forma diferente, principalmente nos relacionar uns com os outros.
Estamos no meio do furacão e prever o que acontecerá é meio difícil. No momento, acho que devemos estar atentos, ler muito (coisas de fundo, não esses posts bodós das redes sociais, fake news, nem os discursos de ódio), coisas de fundo. Participar de grupos de discussão com assuntos definidos e de profundidade. E buscar nos divertir para aliviar as tensões dessa situação de medo e incerteza.
Aproveite e conferira algumas dicas úteis para você implementar na sua empresa durante a crise:
Apoie seus funcionários: É importante minimizar os impactos da crise para seus colaboradores e zelar pelo bem-estar do seu time. As empresas devem se empenhar nessa tarefa. Sempre dentro das possibilidades, claro. O foco deve estar na sustentação das relações e na manutenção da dignidade das pessoas.
Atitude é fundamental: As empresas têm papel importante na sociedade e durante a crise espera-se que elas atuem ativamente pelo bem social. Nesse momento deve-se assumir certas responsabilidades, independentemente do porte da empresa. Se for possível, mobilize recursos financeiros. Senão, use a criatividade para fazer a diferença.
Comunique suas ações: O momento é de agir de forma coordenada. Para isto, deve-se comunicar as ações aos interessados (funcionários, clientes, fornecedores). As marcas precisam continuar em contato com seu público, e suas lideranças devem mostrar empatia e transmitir compaixão.
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