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Não é abobrinha falar de amor

Foto do escritor: Redação Entre AsanasRedação Entre Asanas

A melhor fórmula é elevar ao quadrado tudo o que faz bem


Por Mônica Kikuti


Dona Ida era uma escritora que eu entrevistava com certa frequência para divulgar seus livros e os concursos de contos que ela ganhava por toda parte. Certa vez, na casa dela, perguntei de novo sobre o derrame que havia comprometido parte de seu corpo.


Ela andava com dificuldade. Tinha a voz trêmula. Sábia, me disse, não exatamente com essas palavras, que “seria melhor não falar mais das coisas tristes”. Eu não lembro como reagi, mas sei que ali eu tive a exata noção do que era empatia e que a gente podia evitar o que não convinha mais. Passaram-se uns 20 anos, talvez menos, e eu lembro dela hoje como um elo para esse Dia dos Namorados.


Quando estamos num relacionamento, muitas vezes discutimos por bobagens, construímos na cabeça uma série de abobrinhas onde uma das principais personagens é a traição. Ela, olha só, sempre à espreita!


Na primeira oportunidade de discussão, lançamos flechas envenenadas com o passado, cavocando as piores memórias e revolvendo feridas que já estariam cicatrizadas. Como é que a gente aguenta, não é?


Falar o que se sente é um desafio. Para alguns, é até um pouco mais fácil. Mesmo assim, se não souber como dizer, é um passo para azedar o pé do frango.





Engraçado é que a gente vê o outro como um leitor de código. É só apontar para a nossa testa e sai ali o QR do que a gente sente, do que estamos querendo dizer com tal palavra ou tal atitude. Daria até para fazer um Pix de reconciliação na hora, sem taxa de amargura.


A verdade é que a gente, muitas vezes, deixa o outro no limbo com a premissa de que ele tem que “entender os sinais”. Digo aqui por experiência própria: o óbvio precisa ser dito. A não ser que a pessoa seja médium, ela não vai saber o que a gente quer, se não dissermos.


Lembro como é bom se apaixonar. Dá um negócio, chegam ideias do nada, parece que baixa um santo e a gente flutua em caminhos de brasa. As coisas fluem e tudo parece mais fácil.


Mas, e a vida não é para ser assim também, fluindo com mais leveza? Relacionamentos não são fáceis. Nem o da gente com a gente mesmo, que o diga com mais uma pessoa.


Porém, todo dia é possível aprender a ser diferente, a agir diferente, com mais leveza, quando a gente gosta de verdade. Quando a gente se propõe a amar alguém.



Vai chegando essa época e as propagandas bombardeiam a gente como se fossem pop-ups intermináveis. Coraçõezinhos, memes de zueira, casais apaixonados. Vai dando um delay na minha cabeça e os coraçõezinhos aparecem por toda parte: pra onde olho vejo um. Até na abobrinha.


E esse coração em forma de abobrinha é pra você lembrar que não é abobrinha falar de amor. Que o amor faz bem, que a paixão é bem-vinda. E que dois (ou duas) podem somar mais do que a matemática diz.


Faça essa soma sem peso de ressentimentos. Eleve ao quadrado tudo de bom que vocês têm. O resultado é ser mais feliz.


Namastê!



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