ONG auxilia mulheres em situação de vulnerabilidade desde a terapia até a independência financeira
Por Juliana Meneses
As mulheres apesar de serem a maioria da população brasileira em números, são um grupo de vulnerabilidade, sobretudo com relação a violência doméstica. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, os canais do Disque 100 e Ligue 180, disponibilizados pelo Governo Federal, registraram 105.821 denúncias de violência contra mulher no ano de 2020, esse número seria equivalente a 12 denúncias por hora, isso sem citar todas as mulheres que sofrem violências das mais variadas em silêncio.
Suel Andressa Machado, idealizadora e coordenadora do projeto social DNP por Elas, trabalhou na Casa da Mulher Brasileira, em Curitiba, e constatou que só após as mulheres passarem por uma gama de sofrimentos que o Estado tentava auxiliar de alguma forma, mas isso não era suficiente, foi assim que surgiu a ideia de estruturar uma ONG que pudesse fornecer assistência para as mulheres em situação de vulnerabilidade, mas não apenas isso, oferecer também alternativas que essas mulheres pudessem reconstruir suas vidas.
“Sou idealizadora do projeto, eu ajudei a abrir a Casa da Mulher Brasileira em Curitiba, trabalhei lá por 4 anos, sou psicóloga em formação e dentro de um curso de escuta especializada na Casa da Mulher a gente viu que o Estado esperada tudo acontecer, a mulher passar por todos aqueles tipos de sofrimento até que ele começasse a agir e foi ai que a gente viu que nosso trabalho era extremamente paliativo e isso que a gente queria transformar, então começar a agir em faixas etárias cada vez mais jovens, e educando para que informando e educando elas identificassem sinais de abuso e para que estivessem cada vez mais informadas sobre seus direitos e que não chegassem aquele ponto”.
A ONG de caráter laico, apartidário e de encorajamento feminino, não defende nada que segregue ou generalize, busca levar uma experiência de empoderamento para essas mulheres que passaram por sofrimento e precisam de ajuda, lutando por equidade de gênero e oferecendo sem custo dedicação para que este grupo possa compreender seu potencial e superar seus traumas.
Como funciona
O projeto funciona de forma totalmente voluntária e atende de forma gratuita. Hoje a ONG possui cerca de 180 mulheres voluntárias atuando, distribuídas em 12 áreas de atendimento; Captação, Distribuição, Apoio e Acolhimento, Psicologia, Jurídico, Educação Financeira e Empreendedorismo, Mídias Sociais, Redação, Assessoria de Imprensa, Cursos Profissionalizantes, Site e Camisetas e Coordenação Geral. O trabalho é realizado 100% online desde a pandemia, e pretende continuar assim, e está presente em 79 municípios do Brasil. Suel explica que esta característica multidisciplinar que é o diferencial do DNP por Elas. O projeto que existe desde 2018, já atendeu mais de 650 mulheres.
““Aqui dentro do projeto que a gente considera o nosso diferencial é que a gente não tem só assistência psicológica e jurídica, nós temos também o empreendedorismo e a educação financeira, porque essa mulher precisa estar bem mentalmente para enfrentar e para estar pronta para modificar essa situação,
realmente transformar essa situação que ela está, então a assistência psicológica. A jurídica para estar sempre muito bem informada sobre seus direitos, empreendedorismo para que ela realmente possa se tornar independente financeiramente, e a educação financeira para que ela saiba como administrar esse dinheiro que ela vai conseguir prover com o empreendedorismo. Então o empreendedorismo para saber da onde prover e a educação financeira para saber administrar, é dessa forma que a gente realmente transforma a vida delas, a gente não fica só tratando o que já aconteceu”.
As mulheres em situação de vulnerabilidade, que passam por algum tipo de abuso ou violência, de qualquer âmbito, seja violência doméstica, física, psicológica, sexual, patrimonial, moral, discriminação de gênero, abandono parental, relacionamentos abusivos e gravidez na adolescência, podem recorrer ao projeto. Para que elas sejam assistidas é necessário preencher um formulário, disponível on-line, e uma das voluntárias do apoio e acolhimento entra em contato.
O Instituto DNP por Elas atende mulheres, incluindo os perfis LBTQIA+, ou seja, todas as mulheres, que assim se identifiquem, em situação de vulnerabilidade, descriminação e violência.
As mulheres que chegam ao projeto terão acesso a atendimento psicológico para se recuperar dos traumas sofridos, não existe um prazo limite de atendimento, enquanto for necessário receber a ajuda psicológica, a equipe estará disponível de forma gratuita. Suel explica que em muitos casos de abuso, as mulheres permanecem com seus agressores devido à dependência financeira, então o projeto faz também um acompanhamento sobre empreendedorismo e educação financeira, para que seja possível reestruturar sua vida.
“Já identificaram que o principal motivo da mulher permanecer na situação de violência é a dependência financeira, então muitas delas aparecem aqui com esse problema, e a gente não tem um fundo para disponibilizar dinheiro, mas sim a forma de como e onde elas proverem esse dinheiro, dessa forma que a gente pode ajudar, para realmente atuar na transformação da vida delas, na transformação de pensamento, no que ela acredita, em ser capaz, nisso nós podemos atuar muito, na informação para que ela esteja muito bem assessorada para que essas violências não voltem a acontecer”.
Diz no Peito – Camisetas para transformar
Foi justamente pensando em como ampliar as noções de empreendedorismo, além de levantar recursos para custear o projeto, que surgiu então a Diz no Peito, marca de camisetas com frases de empoderamento feminino, onde toda a verba arrecadada é direcionada para a ONG.
A fundadora da ONG explica que todas as camisetas são feitas por assistidas do projeto, que tem a oportunidade de adquirir uma profissão e a própria independência financeira.
“Hoje as nossas camisetas são produzidas por assistidas do nosso projeto, hoje elas estão em cinco, então tem corte, costura e serigrafia, e a gente faz questão de pagá-las o justo para que a gente dê o exemplo de como o trabalho feminino deve ser valorizado, inclusive”.
A ideia é trabalhar com o rompimento de crenças limitantes disseminadas pela sociedade, bem como a transformação de um pensamento intergeracional através da moda de atitude, assim é possível proporcionar o fortalecimento de uma comunidade, mostrando que todas as mulheres têm poder, voz e não devem ser diminuídas, nem ficar escondidas. Sendo assim, a intenção da marca é levar ao público uma reflexão sobre moda e o respeito em todas as suas formas.
A idealizadora do projeto explica a diferença entre a DNP por Elas e a Diz no Peito.
“O projeto DNP por Elas é assistência social gratuita as mulheres, e a Diz no Peito é a marca das camisetas que nasceu para sustentar o projeto, normalmente o caminho é o contrário, primeiro você cria uma marca e depois vêm o projeto, aqui foi o contrário nós já tínhamos o projeto social e depois nós criamos essa marca para poder sustentar o projeto”.
Além da venda de camisetas via e-commerce, o projeto também recebe doações, é também possível que mulheres que atuem em áreas correlatas com os atendimentos se candidatem para fazer parte do grupo de voluntárias. Andressa explica que as camisetas da Diz no Peito são mais que roupas, são uma forma de impacto social por auxiliarem na mudança de vida e assistência de tantas mulheres que passam por sofrimento.
“Sobre as camisetas, na verdade a gente diz aqui que não são só camisetas, mas uma extensão de tudo que a gente acredita, e são também frases de impacto social, justamente com provocações ali para fazer a sociedade repensar sobre vários padrões, vários tabus, quem sabe tentando quebrá-los, fazendo a sociedade repensar mesmo. O que nós estamos tentando transformar agora é que essas camisetas sejam na verdade recompensas de doações, então o projeto vai ser movido por doações e essas camisetas serão enviadas como recompensas. São sempre estampas variáveis que estão disponíveis no nosso site”.
Contatos:
Instagram: @diznopeito.dnp
Facebook: www.facebook.com/diznopeito.dnp/
WhatsApp: (41) 99234-2132
Site: www.diznopeito.com.br
E-mail: atendimento@diznopeito.com.br
[]
Comments