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Foto do escritorRedação Entre Asanas

Uma Ciência chamada Felicidade

A busca pela felicidade é uma constante na vida dos seres humanos. Nos últimos quatro relatórios da Felicidade no Mundo publicados pela ONU a Finlândia está no topo


Por Ana Karina Talarico




A busca pela felicidade é inerente ao ser humano. Tudo que fazemos na vida é para atingir o mesmo objetivo: ser feliz. E o que é ser feliz para você? Com certeza, cada um terá uma resposta, mas o fato é que todos sonham com essa tal felicidade. Existe, inclusive, um Relatório da Felicidade no Mundo que é publicado todos os anos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nele são elencados os países mais felizes. Em 2021, pelo quarto ano consecutivo, a Finlândia ficou no topo do ranking, seguida por Islândia, Dinamarca, Suíça e Holanda.


O Butão também tem grande importância quando o assunto é felicidade. Localizado nas montanhas do Himalaia, entre a Índia e a China, é um pouco menor que o estado do Rio de Janeiro e tem cerca de 750 mil habitantes. O país foi o pioneiro na análise de um índice chamado Felicidade Interna Bruta, o FIB. Isto é, ele observa o desenvolvimento pelo nível de felicidade da população: bem-estar psicológico, preservação do meio ambiente, desenvolvimento sustentável, educação, diversidade cultural, entre outros fatores.


Se pararmos para pensar essa busca pela tal felicidade é humana natural e estudos nesse sentido ocorrem há séculos. Entre os filósofos que trataram o tema está o grego Aristóteles. Para ele, a felicidade é o bem supremo, que tem um fim em si mesmo, almejado por todos. É uma atividade da alma conforme a virtude. Em “Ética a Nicômaco”, Aristóteles ressalta que uma atitude virtuosa parte de uma disposição de caráter que se relaciona com a escolha de ações diante das paixões, sendo consistente em meio termo que é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. A virtude, então, está para a felicidade, assim como a felicidade está para a virtude.


Segundo Carl Jung, a felicidade exige que sejamos capazes de olhar primeiro para dentro de nós mesmos. Somente quando acordamos, somente quando nos conscientizamos do inconsciente e deixamos as sombras para trás, nos sentimos livres para alcançar o que nos faz felizes”, destaca.


Já Para Viktor Frankl, psiquiatra austríaco que sobreviveu aos campos de concentração, a busca não deve ser pela felicidade, mas sim pelo sentido e significado que damos às coisas. Dessa forma, a felicidade seria um fruto direto do significado da realização.


O pai da Psicologia Positiva, Martin Seligman, autor do livro Florescer - uma nova compreensão da felicidade e do bem-estar, afirma que ‘não é ser feliz, mas florescer’. Nesta obra, ele faz uma revisão da sua teoria sobre a felicidade exposta no livro anterior Felicidade Autêntica e muda o objetivo da Psicologia Positiva que antes era o estudo e promoção da felicidade para o desenvolvimento de bem-estar. Em um trecho, ele pontua: “Eis, então, a teoria do bem-estar: o bem-estar é um construto; e é o bem-estar, não a felicidade, o tema da psicologia positiva. O bem-estar possui cinco elementos mensuráveis (PERMA), importantes para ele: emoção positiva (felicidade e satisfação com a vida são aspectos dela), engajamento, relacionamentos, sentido e realização”. A teoria também dá papel de destaque para as forças de carácter que sustentam os cinco elementos.


O psicólogo de origem croata Mihaly Csikszentmihalyi também escreveu sobre felicidade. Ele criou a teoria do flow, um estado mental atingido quando se está totalmente envolvido em uma atividade. Flow, que do inglês significa fluxo, é uma condição de foco absoluto que torna qualquer atividade espontânea e produtiva. A pesquisa de Mihaly para criar essa teoria está no livro “A Descoberta do Fluxo”. Resumidamente, o autor afirma que nossas chances de alcançar a felicidade são baixas se formos passivos. Segundo ele, é como se o ser humano não fosse programado para encontrar a felicidade como estado padrão.


Projeto Happiness


E você? Já pensou em trabalhar com felicidade? Esse é um sonho que a administradora Kethlin Melo Cordeiro, pós-graduada em Psicologia Positiva pela PUC-RS está realizando com a criação do Projeto Happiness - Educação para Felicidade. A iniciativa tem o objetivo de fazer do mundo de crianças e adolescentes um lugar mais alegre e amoroso.


Para Kethlin, a felicidade não é ausência de tristeza, pelo contrário, faz parte do processo humano passar por momentos desafiadores e difíceis, e as aulas de felicidade incluem o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes de garra e superação.


“Utilizamos uma metodologia extremamente testada em muitas escolas do mundo, mensuramos o nível de bem-estar no início e no final da intervenção para checar se estamos no caminho certo e a capacitação que oferecemos aos educadores é peça fundamental para o sucesso do projeto”, afirma.

Hoje o projeto atende 1200 estudantes de escolas públicas e particulares do Estado de São Paulo, além de jovens do Instituto Melo Cordeiro, em Ferraz de Vasconcelos, do qual ela é fundadora.


Para a jovem empresária, é possível ampliar a percepção de felicidade trazendo pontos de vista filosóficos, baseados em fatos científicos e econômicos e assim teremos pessoas mais felizes. Com estas percepções, felicidade é uma intenção e um processo.


“Eu escolho ser feliz e desenvolvo competências, habilidades e atitudes que contribuem para o aumento do meu bem-estar. Sendo assim, eu posso aprender e ensinar felicidade e nesse momento de tantas dificuldades, essas aulas ajudam a essas crianças e adolescentes a lidarem com tantos sentimentos”, frisa.

A especialista em Psicologia Positiva explica que para aumentar o bem-estar (felicidade) é necessário desenvolver determinadas competências, habilidades e atitudes que são chamadas de competências socioemocionais.


“Com as recentes descobertas da neurociência, podemos comprovar que nosso sistema cerebral desenvolve a capacidade cognitiva - de pensar e analisar dados - juntamente com a capacidade socioemocional. Portanto, se o indivíduo não desenvolveu competências e habilidades emocionais, tão pouco pode aproveitar seu real potencial em termos cognitivos. Em um mundo de constantes mudanças, o raciocínio lógico não será capaz de resolver os problemas complexos em que estamos inseridos, será necessária uma capacidade de resolução de problemas com criatividade e assertividade que apenas a visão sistêmica e empática é capaz de gerar”, completa.

As aulas dos facilitadores do projeto Happiness ajudam os alunos a descobrir quem são, o que eles consideram importante e como eles se relacionam com os outros.


“Eles aprendem a fazer escolhas independentes, levando em consideração os outros e seu ambiente. Os estudantes se tornam resilientes, ganham confiança e aprendem que é divertido chegar a um bom resultado junto com outros”.

Resultados


Segundo a criadora do projeto, os alunos desenvolvem competências e habilidades para vida, requisitos necessários para novo mercado de trabalho como autoconfiança, empatia, trabalho em grupo, resiliência, planejamento e criatividade.


“E na prática nos importamos com eles. São seres com histórias e sentimentos, e realmente queremos apoiá-los em suas escolhas. Quando eles percebem isso, se abrem, se desenvolvem, querem ser melhores e querem contribuir com os outros também”, ressalta Kethlin.

A empresária ainda deixa uma reflexão:


“Viver a vida apenas para sobreviver é uma escolha, como é escolha também viver a vida como missão. Utilizar seus dons e talentos com um sentido, beneficiar outras pessoas e o meio, viver em compaixão. O que é possível fazer agora, com os recursos que tem neste momento?”, finaliza.

A Ciência da Felicidade na vida de Laydyane Ferreira


Assim como Kethlin, Laydyane Ferreira é formada em Administração de Empresas, mas com especialização em Finanças. Trabalhou por muitos anos com Consultoria de Gestão e Estratégia e descobriu a Ciência da Felicidade num cenário atípico de estresse há mais de 12 anos.


“Gosto muito da definição da professora Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia, que diz que a felicidade é uma experiência de contentamento, combinada com a sensação de que a vida é boa, significativa e valiosa”, salienta.

Para Laydy, a felicidade envolve a plenitude do ser onde o propósito é fundamental para sustentá-lo, por isso autoconhecimento tem ligação direta com o tema. A felicidade é um conjunto de atitudes que reforçam o que o indivíduo como autoconfiança, amor, serenidade e sensação de legado.


“Quando falamos de alegria estamos falando de conquistas pontuais e efêmeras, como se casar, comprar um carro. A alegria é a manifestação viva e visível da felicidade”, explica.

Ela conta que a Ciência da Felicidade entrou em sua vida depois de sofrer um burnout intenso.


“Eu precisava olhar para dentro e perceber o que realmente me movia. Para tanto, usei práticas intensas de meditação com mestres budistas e retiros ao redor do mundo. Foi então que tomei conhecimento que felicidade era Ciência, numa formação de liderança”, conta.

A administradora então começou a ler livros sobre o tema, fazer pesquisas empíricas entrevistando pessoas nas ruas no Canadá - país onde morava na época - cursos de especialização dentro da metodologia do Coaching e também de Psicologia Positiva aplicada à Organizações. A jovem também estuda sobre a Felicidade Interna Bruta (FIB) aplicada aos negócios, que é uma construção de variáveis para medir também as condições de felicidade.


“A Psicologia Positiva fala hoje que felicidade é um construto de variáveis, assim como medir o tempo. Para medi-lo é necessário ver a temperatura, a precipitação, o vento. Então a felicidade como ciência, dentro da psicologia positiva, é um construto que abrange emoções positivas, propósito, engajamento e atingir metas”, declara.

Numa linha mais de consciência e pragmática, Laydy diz que mais importante é entender que a ciência é ferramenta de suporte e não o fim.


“Não precisamos de comprovação científica para abraçar, amar, passar tempo com os nossos familiares. O que a Ciência da Felicidade traz de novo é um olhar mais sistêmico das situações, envolvendo também o ótimo funcionamento do ser humano e colocando a felicidade na agenda”, ressalta.

Para ela, a felicidade existe no momento presente, por isso, não pode ser buscada e sim, cultivada. É preciso colocar práticas de felicidade na agenda, assim como se coloca o horário de almoço.


“Se não tiramos um tempo para agradecer, para falar de amor, praticar atividade física, acabamos não realizando. Gestão do tempo é um pilar fundamental para o cultivo da felicidade”, destaca

E completa:


A Ciência da Felicidade nos resgata a nossa naturalidade, muito reprimida nas relações de trabalho. Na felicidade, a compaixão, sustenta uma conversa, não o julgamento de certo e errado, nos convidando a sermos mais humanos e compassivos possível”.

Assim como Kethlin, Laydy tem um projeto onde a Ciência da Felicidade é o suporte para as pessoas encontrarem seu propósito de vida.


“O Haru é uma formação e mentoria em autoliderança consciente, com foco em propósito e missão de vida, com base na Ciência da Felicidade. Ele atua em um dos pontos mais cruciais nas lideranças: autoliderança e autorresponsabilidade. É o programa inovador criado por mim depois das imersões que fiz sobre esse tema. Hoje com a pandemia as turmas são on-line ou in company”, esclarece Laydy.

Para ela poder trabalhar com felicidade é trabalhar o ser humano do ponto de vista integral, não excluindo nenhuma emoção e educando diariamente a mente para o aprendizado com o amor e com o cenário positivo, já que historicamente aprendemos em cenários de muito sofrimento.


O Coordenador de Logística Igor Lage conta que, para ele, o Haru superou, foi além das expectativas.


“Me deu um olhar mais consciente da liderança pessoal e profissional, com o meu real propósito e missão de vida. Além de ampliar a ressignificação de minha autoconsciência para uma liderança consciente. A minha gratidão por esta oportunidade. O Haru não é simplesmente um treinamento de líderes é uma experiência única de autocompaixão com propósito”, destaca.

A advogada Carla Sodré também considera o Haru uma oportunidade de autoconhecimento, reflexão e de estar com pessoas que buscam um propósito.


“A parte teórica é bastante interessante e a amizade que construímos na jornada e que perdura até hoje é sem dúvida outro diferencial”, salienta.


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