É preciso identificar a fonte de cada manifestação para conseguir ficar em silêncio
Por Tiago Peixoto @tiagoyoga
É comum encontrar estes termos na literatura, oriental e ocidental, especializada na experiência humana como ser senciente e sapiente. E muitas vezes ocorrem distorções do significado das palavras, gerando confusão, e até mesmo, dificultando o entendimento real de cada conceito e impedindo que o indivíduo obtenha o conhecimento correto.
Vejamos as definições e significados de cada palavra, encontrados em uma pesquisa no Google:
mente
substantivo feminino "parte incorpórea, inteligente ou sensível do ser humano; pensamento, entendimento."
consciência
substantivo feminino "sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior."
A literatura do Yoga também nos apresenta os dois conceitos; mente e consciência. Mas dependendo da fonte, da tradução ou do contexto em que ocorre a citação, também encontramos esta mesma dificuldade para distinguir cada significado com clareza.
Mas, afinal, como reconhecer cada um?
O Yoga é definido, em seu manual mais célebre (Yoga Sutras), como "o recolhimento das atividades da mente". Porém, a utilização do termo "mente" neste contexto remete à ideia de "mente maior", que é uma nomenclatura utilizada para referenciar a "consciência", dando o senso de hierarquização conceitual entre cada termo.
O Yoga classifica três "agentes" que, de forma harmoniosa (nem sempre), governam as interações da consciência:
Manas (Mente)
É identificada como órgão sensorial, responsável por interpretar os sinais que captamos através dos cinco sentidos (visão, olfato, tato, audição, paladar). Também coordena toda a interação com registros na nossa base de dados (memória) e atua referenciando ocorrências e projetando cenários hipotéticos.
Ahankara (Ego)
É identificado como "senso de auto-proteção" do indivíduo. Funciona como um "assistente pessoal" e é responsável por classificar e julgar todo tipo de situação, objeto e pessoa, principalmente, o próprio indivíduo. O ego se manifesta através da palavra, então todo pensamento ocorre como uma interação, influenciando todas as camadas de percepção.
Buddhi (Intelecto)
É identificado como o mais sutil dos três agentes. Sua presença raramente é percebida plenamente. A inteligência costuma se manifestar em situações em que o individuo não sabe exatamente como proceder, ou não tem tempo para raciocínio lógico. O intelecto é a camada de processamento sutil e possui conexão direta com a mente (sem interferência do ego). Muitas vezes interpretado como intuição, acontece quando coordenamos ações e decisões naturalmente.
O objetivo, então, é aprender a reconhecer essas interações em tempo de execução, ou seja, identificar cada um destes agentes enquanto as situações se desenvolvem, tanto no plano externo, quanto na sua intimidade. É preciso estabelecer uma disciplina de observação para aprender sobre si, utilizando um vasto arsenal de dados: Você.
No final das contas, trata-se de um processo solitário e permanente. Enquanto seres sencientes e sapientes teremos essa carga de ocupação com a realidade que se revela diante de nós, através de nós e para além de nós. Então que, pelo menos, sejamos todos conscientes da nossa mente.